Para agravar o pobre cavalo estava sem ferraduras, o que alem de vedado pela legislação implica em um tormento a mais para o animal. Questionei o carroceiro - que aparenta mais de setenta anos – que alega que o cavalo manca quando está com ferraduras. por isso não utiliza tal proteção
Argumentei que a lei proíbe que o cavalo circule sem ferraduras e ouvi a ladainha costumeira dos exploradores: “não deixam a gente trabalhar em paz”, seguido do indefectível “não estou roubando”.
Se resolvesse alguma coisa eu lhe diria, e aos demais carroceiros. que quem trabalha na verdade são os pobres animais e na condição de escravos. No entanto, seria pregar no deserto. Alguém que viveu tanto e mantém intacta a mentalidade escravagista é um caso perdido.
Mas ao contrário desse senhor, que somente visa seus próprios interesses, temos que zelar pelo bem estar dos animais colocando um ponto final nessa exploração Ao mesmo tempo há que se garantir que os carroceiros tenham uma ocupação digna e bem remunerada.
A existência de carroceiros é tão deprimente quanto anacrônica, mas nossa indiferença e a leniência do Estado corroboram para que essa exploração ainda ocorra.
Cavalos e muares são fortes sem dúvida, mas são seres sencientes não maquinas. E chega a ser surreal o argumento de alguns de que a eliminação dos veículos tracionados por animais poderia gerar um problema social. Ao que me consta cabe aos governantes e legisladores buscar soluções para as diferentes questões que permeiam a nação.
Vergonhoso, portanto, que os pobres equinos e muares paguem pela nossa incapacidade de manter aquecido o mercado de trabalho ou de proporcionar rendimentos condignos aos incapacitados de exercer atividades remuneradas.
A existência de veículos de tração animal em pleno século XXI é uma prova inequívoca de que a mentalidade escravocrata ainda persiste. Sem assistência veterinária, mal alimentados e sedentos, essas criaturas dóceis são submetidas por horas a fio a trabalho extenuante e muito além de suas forças. Nem mesmo os arreios e equipamentos necessários costumam ser utilizados pelos carroceiros.
O fato é que nessa atividade exploratória não existe a mínima preocupação com o bem estar desses infelizes. Seu sofrimento não sensibilza absotumente as toscas e embrutecidas figuras que sobrevivem às custas da escravisão animal.
A existência de mecanismos legais que coíbem excessos e pune maus-tratos é meramente um paliativo. A sociedade precisa debater esse tema e ao cabo se conscientizar de que esse calvário e inconcebível.
Cada um de nós pode e deve contribuir. Não utilize o serviço de carroceiros e alerte a policia militar ao observar que o animal transporta carga excessiva, está doente, ferido, extenuado ou sendo agredido (o Código de Posturas do município de Mairinque prevê que a carga máxima a ser tracionada é de 150 kg, incluindo o peso da carroça).
Sonho com o fim dessa vergonhosa atividade. Extirpá-la de vez seria uma benção para os animais e um sinal de evolução de nossa combalida espécie.
Servilio Branco
OAB/SP 119218
brancolex@hotmail.com
José Franson - Protetor de Animais - Vereador - Tatuí - SP
Campanha nacional permanente - “Fecha canil do CCZ - Tortura nunca mais” Eu apoio.
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